Quando pequeno ansiava vários sonhos.
Acabei virando nada.
Mas acredito que sou um grande ácaro
no meu sofá.


Do quanto te amei,
Sofro menos pela devoção dispensada.
Tudo a que me dediquei,
Foi pouco mais que punhas sublimadas.


Pus a assinatura,
Chamei a responsabilidade.
Quatro linhas escritas,
Nenhuma credibilidade.


Com sangre sudor y lágrimas,
Joga-se a Libertadores no Sul.
Se te ofendes nossa alegria,
Podes muy bem tomar no cu!


Para celebrar a nova estação,
Preparo a taça especial, sorvo um gole.
Poderoso elixir de inspiração
Que chamo de James Joyce.


Desajeitado e perdido,
Tento manter meu suíngue.
O que me irrita é ter queimado
com ela minha declaração "Something".

Musa, Musinha! Desça desse jambeiro
Que preciso de ajuda pra desenrolar um entrevero
Em que me meti
Assim que nasci.
"Mas o que é, diacho?
Não se pode olhar o riacho
Daqui de riba
Sem cua rapariga
Me aflija com coceira lá embaixo."
Larga mão de azia,
Ajude-me com a poesia,
Sim?


As lembranças que guardo
Da minha amada imortal
São os pelos do gato
Roçando-se em mim no quintal.


Saúde, saudade.
Entrego-me ao ócio
De revisitar
Os registros da Beldade.

A vida tem dessas ingenuidades:
Sentir-se próximo e genuíno
Ao tocar os pés do gênio.


Tomado estou por essa sobriedade
Que assombra minha loucura.
Antes era eu que tomava uma,
Agora sou tomado pela gravidade.


Dedos em chamas
para compor um poema.
dedos nas xanas
a contornar a pequena.


Falta-me álcool no sangue
para estar bêbado o suficiente
e dizer-lhe palavras num instante
que te façam indiferente.

Te quiero a cada noche
que el cielo me parezca poco.
Te quiero cerca de mi pelo
antes que me ponga loco.

No claro, espio; no escuro, tateio.
No segundo em que toco nalgo
Me pergunto assustado:
"É a bunda ou um seio?"


Jorge Ben tem 5 inimigos,
Já eu tenho 5 dedos.
Enquanto a língua provocar gemidos,
mulher nenhuma pega meus medos.

Gosto de mulher a se gostar.
Abraçando-se por inteiro,
sem pudores e sem medo,
Rindo e tremendo ao bailar.

Isolado num canto,
mastigo a tristeza sem vontade.
Perco, no entanto,
resquícios de minha vaidade.


O que acontece aqui dentro
dessa carcaça que me carrega
pra cima, pra baixo e ao centro?
Sorrio ao poucos e choro à beça.
LATRINÁLIA

No meio de um poema
parei para cagar.
Imagine a dor, morena,
a bosta a sair e o verso a vagar.

me ame baixinho,
com sussurros ao pé do ouvido,
meio arisca, mas com carinho.
façamos baixinho e do resto, estampido.


amigo senta-se ao lado
mesmo em silêncio,
mesmo calado,
sorriso de apagar incêndio.


se tu me pedes ajuda
confesso, sou atrapalhado.
mesmo que eu não curta
vou ter dar meu braço.


Poderia recitar mil versos,
separar as sílabas fortes
das fracas e os metros
das minhas tolas estrofes.


Sim, assumo que te quero.
Sei, existe um que te ama.
Sabes, a verdade que nego
Seria tu, nua em minha cama.


Glenn Miller infla meus sentidos
num ímpeto de menino jocoso.
Faço piadas com dedos metidos
nesse lábio inferior manhoso.

Gastei 20 minutos pra compor um
#PoemaEbrio
contra isso tudo,
de falso moralismo dedicado ao tédio.


Ainda desesperançoso
com a falta das rimas sonoras
que enfiariam o caroço
nos babacas da história.


Senti-me num Norwegian wood
ao beber de sua cerveja
e beliscar de sua slow food
numa tarde de tristeza.


Há dez anos te conheci,
teu rosto que não se confunde.
O Facebook me trouxe nas 'memories'
some pictures of June.


extremo extenuante da alma,
preservo-me estirado na cama
descalçado dos pés à pança,
esperando a extensão da calma.

se te vejo com outro,
na rua a passear, fico puto & chateado.
queria estar contigo, ao teu lado,
numa serenata à luz do luar.


o peso da ausência é uma coisa louca;
a gente sente pela secura da boca.
me diz onde estás, que vou a pé.
era mais pra conversar e tomar café.


Vou me proteger da azia,
da má digestão e refluxo
abandonando o café da tia
pela água de bruxo.


saí com uma pequena
que era linda de matar.
arrebentava-me de paixão
feito ressaca lançando coisas ao mar.


Em puteiros virtuais,
a mordida que não dói,
a trolhomba sobe ao som de "ais",
quitados em bitcoin.

rabisco dois versos
que dão na mesma.
o lápis escreve a rima
que rasga a resma.

S-O-N-O io que acordo e não levanto;
que bocejo a cada hora, em cada canto;
que dorme sobre a mesa, sem espanto.

beberia um barril de breja
em bicadas brejeiras
de bagual da beira.



lembrei de ti escutando
'brown eyed girl’, do Morrison.
o van, não o jim.
teus olhos, estava eu lutando
pra que não chegassem tão próximo
a ponto de toca-los em mim.

calafrios tomando o corpo,
pigarreio e entoo um cântico
que me aqueça até o pescoço,
lembro-me que sou romântico.


Passo tanto aperto
se passo perto de ti
vestindo preto
num dia ensolarado.


minha resolução de ano novo
é maneirar no drinque ruim
que me lança fora de mim
e me deixa com cara de bobo.

desse problema não sofro,
apenas choro, calado no canto,
que, para meu enorme espanto,
sou como um cachorro abandonado pelo dono.

Se o meteoro nos pegar
De que valerá toda poesia,
Os serviços de cada dia?
Os sorrisos do presente e tudo o que nele há.



quem eu quero tive que esquecer.
escolho meus escudos etílicos
cerveja, vodca, uísque, entre os lícitos
para proteção e p'ra não me foder.

'Estoy triste, pero siempre estoy triste',
é coisa que aprendi com Pablo Neruda.
baixar a cabeça e suportar a dor que existe
e abraçar tudo isso que não muda.


roupas de baixo de cor rubra
pra encontrar alguém que me ature
e pra que façamos amor que dure
nas horas infames e nas puras,
ainda que arda, me cubra.


o que é isso que pulsa cá dentro
querendo empurrar pra fora as tripas e o palavreado?
sinto-me sufocado e com vontade de ir embora.
Pra onde, é que me pergunto,
estou sem guarida nem guarda-chuva.
agonia no peito só cura morrendo num abraço.


desperto, o que está acontecendo?
quem levou a partida?
cantam uma vez Flamengo
a 3 de acréscimo no 2o tempo.
Inês é morta, outra copa perdida.
sinalizadores incandescentes
iluminam la noche del Maracanã.
pintam de rojo, Independiente,
todo o entorno, canta la gente
Rey de Copas hasta de manhã!

um espaço pequenino
é reservado na agenda
para o sábado e o domingo.
apenas dois dias pro bingo,
pra pinga e pra prenda.


se na rua suscitam interesse
de como vou, lhes respondo
que bem, o resto escondo.
sou menos feliz do que parece.


ela perguntou-me se dou sangue.
disse-lhe que sim, é raro,
mas quando posso, faço.
a dúvida é, passei em seu exame?

Quando nasci um anjo ébrio,
Desses que vivem no bar,
Disse: Vai, Arnoldo,
ser corno na vida.


A falta de rotina abalou meus sentidos.
Uma dose de vitamina
pra me deixar menos indeciso.


Do tempo que me resta
Neste dia cheios de tarefas,
Quero deitar-me de olhos abertos
E aparar as arestas
Dos minutos descobertos.


A pinga escorre guela abaixo,
Queimando laringe e faringe.
Puxo o ar e mando outro trago
Que de vermelho o peito tinge.

Dissertação sobre a incapacidade.
Protocolada às 6 da tarde
Aguarda-se o parecer e o veredito
Sobre os conceitos de infinito.


Farei uma tatuagem
Da tua cara vadia
Sobre minha pele covarde.

“Nego meu asco e desprezo
pelas velhas novidades
que jogam luz no avesso.

Longe de mim recusar
a vara que me cutuca,
aceito bem isso que vem me abusar.”

Mon bon citoyen falou-me
pra me confortar, ante o absurdo:
Amo a todos que não escuto.

Que dó tenho dos caretas,
confundem vagina e pênis
com paus e bucetas.

um poema por soldo
que dure um mês inteiro
e pague, além do cigarro,
o isqueiro.

ignorância, abençoada seja.
uso e abuso de seus poderes
enquanto escrevo pelas redes
acompanhado da lata de cerveja.

chegamos aqui sustentados pela fé;
seria a hora de abandona-la
no mato que cresce ao lado da estrada?
ou deveríamos, com força, abraça-la,
apesar do desestímulo que é
crer no que se esvaziou do peito
e emaranhou-se nos nós do medo?

despertei todo azia,
tossindo impropérios.
entre meus despautérios,
meti o lápis na poesia
para sangrar em agonia.

ainda que me cative,
acostumei-me às plumas,
encarar a dureza das ruas
como fez Patti Smith
me encanta às alturas.
estou velho pra ser beatnik.

"Amo a violência com que seu sorriso destrói minha rotina."
(O Amor nos Tempos do Cólera, 1985)

capitu tinha olhos de ressaca.
tu tens sorriso de terremotos
de trincar as lentes dos óculos
e de arrancar o teto de casa.
ainda que em frequência fraca
silencias e superas meu logos.

impossível entender as mulheres.
oiço o queixume de machos orgulhosos
que esquecem o quão simples é o imbróglio,
de se resolver. Pergunte-a "o que queres",
escute-a por horas a fio,
conheça o seu brio
e levante a sua moral.
a receita é simples:
um ouvido e um oral.

tengo um verso
que baila tango.
arrasta o passo
e passa rasteiro,
sibilando com o sapato
pelo assoalho branco.

quem dera eu fosse quindim
amarelo, suave, um quitute
vistoso no destaque da quitanda.
ter as marcas dos dentes
de uma menina de hálito quente,
bailar em sua língua,
dançar sua ciranda.

poeira nos sapatos
e pegadas marginais;
ele vestia camiseta rasgada
do exército da salvação
enquanto tombava da montanha santa
num lago de uísque.
"perdoe-me por" perder seus olhos
em cascatas de mil cores velozes.

retomamos o francês
prum flerte mais blasé.
jantar uma vez ao mês
rosas, peixe e rosé.
se a morena, na sensatez,
me chamar de démodé,
digo-lhe apenas que sei,
"mesmo brega, am'ocê"

agradeço ao cientista
que nos deu a pista
para sairmos do buraco negro.
ele virou poeira
leve de estrela,
desvendou, por fim, o segredo.
o universo numa casca de noz
numa partícula no canto do olho
num ósculo cúmplice a acontecer de novo, de novo, de novo.

mãos baixinhas a coçar,
o segredinho acarinhar.
sorrisinhos escondidos
no escuro, desinibidos,
acham graça no ruque-raque
que, gozando, pede que pare.

quando pequeno, a olhar coisa belas
observava o membro aumentar ante delas
e me machucar o corpo inteiro.
queria ser dante, poeteiro,
apaixonado por uma beatriz qualquer,
escrever versos e comê-los com colher.
sou um nada, alegrinho & animado
de versos sacanas, pelinhos ouriçados
a saltitar cambaleante
em minha poesia estreante.

meu irmão, sempre bem quisto,
homem valorizado.
pendurou as chuteiras, tirou visto,
foi nadar pelado.
as beldades, dele, sempre recebiam
elogios e regalias.
depois de retirado, não entendiam
porque Rodolfo Dias
estava desolado.

é assim que me maltrato:
na linha do tempo alheia
olhando a vida que esperneia
por 1 like ou 2, um retrato
que paro e, quase de quatro
lambo a telinha na maldade.
solitário sobre a latrina branca
a mão embaixo quase estanca
em carícias para a beldade.

abro uma lata e nada me desespera.
as opiniões sociais, ronco de bestas-fera
ferozes a rugir firme
em prol de seu time.
pérolas genuínas que exalam cheiro de merda.



Que hizo el Cristiano Ronaldo
en otro partido, golo dobrado.
Zidane boquiaberto
ante o tento certo
do tuga da madeira e do fado.

o que é o tempo: essa coisa louca
que cura ressaca de coisa pouca,
em piras secretas
voando em janelas
abertas que lançam pó na roupa.

Saudades de quem eu quero
sufoco ouvindo um bolero
que me diz:
"o que fiz
para quedarme tan cerca del infierno?"

O regime de exceção e cadeia
em que me lançaste e lá, me deixa,
silencia minha vontade,
cerceia minha liberdade,
anulado e bico fechado à queixa.

prosa livre, sincopada & solta
de Jack Kerouac, bum on the road-a,
saltando de trem
em trem, puto zen,
living on leveza de uma mosca.

"lá sou tuas negas pra me tratares assim",
falei pra ele, mamãe, com sua mão em mim,
numa carícia
cheia de malícia,
de falastrão inconformado, ofensa sem fim.

seems she licks my ears
every moment she speaks
that gibberish
she calls english,
I call bitter-kiss-that-ends-sweets.

Estas são as canções que escrevo
e pra ti as dedico, mas o pesadelo
que guardo
no quarto
é que as ouças com outro no teu peito.

macio ósculo da revolução
que subverte tudo o que há
em mim. Retira-me do chão
e atira-me [cego] ao ar.
decidido, aceso e entregue
permito-lhe o toque de lábios
preencher o que se negue
de novo, de estranho, de sábio.
c'est ma petit-mort t'embrasser.
MD

tenho um poema me sufocando
gemo feito puta que gosta
de beijo na boca, uísque com coca
e gozar, aos olhos, mirando.

eles estão velhos, os homens de outro tempo,
e o que nos resta: sal demasiado na comida.
as letras permanecem, a poesia e a coerência,
eles estão velhos, os homens de outro tempo,
o que nos resta, falta referência.
#Lápide
aquele sorriso atropelou-me ao meio-dia
discreto, sincero, úmido, para em seguida
dobrar a esquina
abandonar a sina
de procura-lo nas guias, faixas da avenida.

meus travesseiros estão cheios do meu pranto,
sou triste, calado e feio, tenho chorando tanto.
minhas carências
por carícias lentas
clamam. Se realizam nas letras de um tango.

se penso calor,
penso suor, samba, serveja.
encosto meus pés no chão que se vestem de areia.
se penso no amor,
penso no escuro, no gemido
nas mãos que se apertam, no abraço e no grito.
se penso em ti,
penso contido, porque explodo no meu estio.
pensar a plenitude é como a atmosfera do Rio.

voo solitário sobre a planície
da mesa de casa que te disse,
a folha de versos
sussurrava perto
que te acompanho até a velhice.


i'm too sober to write these lines
even if i drink four bottles of wine
my pen will
stood still
in its profound silence of mine.

és a copa que almejo tocar
com meus dedos suados e tortos.
e eu, em devaneios de centroavante,
desses com um bom tiro de cabeça,
sou, na verdade, o homem da trave,
do chão batido e amaldiçoado
- que entre faltas & escanteios -
levo minhas redes cheias
de sonhos fracassados.